Laudo do IML aponta insuficiência respiratória e sangramento em soldado morto durante treinamento do Exército

Por Mauro Touguinhó

Gabriel Henrique dos Santos morreu após praticar exercícios físicos embaixo do sol

Divulgação / Arquivo Pessoal

O exame de necropsia do Instituto Médico Leal (IML) feito no corpo do militar que morreu no dia 3 de agosto após participar de uma sessão de treinamento no Primeiro Batalhão do Exército, na Tijuca, Zona Norte do Rio, aponta que ele teve crise convulsiva, insuficiência respiratória, edema cerebral e sangramento. Além disso, família acusa o Exército de tortura e pressão para fazer a autópsia na corporação. Gabriel Henrique dos Santos, de 18 anos, terminou o ensino médio e quis servir as Forças Armadas porque sonhava em trabalhar no setor de tecnologia da informação.

De acordo com o IML, o soldado chegou ao Hospital Central do Exército, em Benfica, também na Zona Norte, sofrendo ainda de sangramento pulmonar bilateral, rompimento das alças intestinais sua temperatura chegou a 42ºC. No dia das atividades, o sistema Alerta Rio, da prefeitura, registrou a máxima de 41,3ºC. O laudo, cujo resultado é bastante parecido com o feito pelo Exército, não aponta, no entanto, a causa da morte. Aflita, a tia de Gabriel, Luciana dos Santos, disse estar aguardando os exames complementares do Instituto Médico Legal para saber mais detalhes.

“Eu perguntei ao oficial do Exército se treinamento e tortura matam, mas ele disse que não e questionou se eu já tinha sido torturada. Isso é um absurdo! O meu sobrinho foi torturado! E eu quero que tudo seja investigado e colocado a limpo, preto no branco”, disse a professora, que é filha de militar anistiado e esposa de um policial militar.

Gabriel tinha tinha 18 anos, era um jovem carinhoso com a família e gostava de ficar no computador

Gabriel morava em Brás de Pina, terminou recentemente o ensino médio e queria fazer faculdade de tecnologia da informação. Assim, que terminou o curso técnico, ele quis servir o Exército para trabalhar para o setor de TI da corporação. O jovem, segundo a família, era carinho e adorava ficar em frente ao computador.

É o segundo jovem que morre na mesma unidade de treinamento do Exército em um ano. Em março de 2022, o soldado recém-formado Pedro Henrique Pereira dos Santos, de 18 anos, morreu após um treinamento no quartel do 1º Batalhão de Polícia do Exército (PE), na Tijuca, após passar mal durante os exercícios físicos.

O Comando Militar do Leste informou em nota que, durante a realização de instrução teórica, no dia 03 de março de 2023, o soldado Gabriel Henrique dos Santos Lima, do Arquivo Histórico do Exército, sentiu-se mal e foi prontamente atendido pelo médico do quartel. Em seguida, o levaram para o Hospital Central do Exército e, devido a complicações, veio a perder a vida. Foi instaurado um procedimento administrativo com objetivo de apurar as circunstâncias do fato. O Comando do Arquivo Histórico do Exército lamenta profundamente a morte do militar e está prestando todo o apoio de saúde e religioso à família.

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