Morador da zona rural de Itaboraí cobra isenção do pedágio na RJ-116

Alexandre do Coqueiro

Descumprimento por parte de concessionária vem gerando prejuízo aos moradores de Itaboraí, Bom Jardim e Cachoeiras de Macacu

Nelson Lemos Madureira, de 71 anos, mora em Agrobrasil, no distrito de Sambaetiba, zona rural de Itaboraí, e usa a RJ-116 três vezes por semana para fazer fisioterapia no Hospital Adventista, que fica no Centro do município. Mas seus gastos com o tratamento de artrose seriam menores se a concessionária cumprisse a Lei 8.232/2018, que isenta a população da cobrança de pedágio. E a situação piora quando ele precisa fazer compras ou ir ao banco, uma vez que prioriza lugares mais próximos.

Nelson Lemos Madureira
Nelson Lemos vai ao Centro de Itaboraí três vezes por semana para fazer terapia e é cobrado pelo pedágio

“Eu uso a RJ-116 três vezes por semana para ir à fisioterapia, o que me causa uma despesa absurda de pedágios ida e volta. Além disso, deixo de fazer compras no centro de Itaboraí para ir em Papucaia e acabo deixando os impostos para outro município. Definitivamente, isso é um absurdo e tem que acabar, pois nos causa um prejuízo enorme”, disse o aposentado.

Vereador de Itaboraí, Alexandre do Coqueiro (Patriotas) esteve, em abril, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), em reunião com o deputado Guilherme Delaroli (PL), e protocolou ofício solicitando a imediata suspensão da cobrança. Ele explica que a legislação isenta do pagamento de pedágio moradores do 4º Distrito de Itaboraí (Sambaetiba), da região de Banquete, do 3º Distrito de Bom Jardim, e do bairro Boca do Mato, no município Cachoeiras de Macacu.

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Guilherme Delaroli e Alexandre do Coqueiro oficiaram a Rota 116 sobre a cobrança indevida feita a moradores da região

“Alguns distritos ficam distantes e isolados, então as pessoas para terem direito a qualquer serviço nos centros comerciais precisam usar a RJ-116. No entanto, elas acabam pagando o pedágio na ida e na volta, o que atrasa a vida de todo mundo que trabalha ou precisa ir lá e acaba criando uma barreira social. As empresas acabam sofrendo também com isso. Esses locais ficaram praticamente isolados por causa do pedágio, porque é custoso”, explicou o parlamentar.

A luta do vereador com a RJ-116 não é de agora. Desde 2019, Alexandre do Coqueiro lidera reuniões e abaixo-assinados, e entrou com processo contra a concessionária, que alega estar cumprindo contrato e nega a validade da lei. Já o deputado Guilherme Delaroli informou que também enviou ofício à concessionária Rota 116 solicitando a implementação da Lei 8232/2018 o mais breve possível. Ele quer aliviar todo o transtorno causado que causou aos moradores nesses anos de atraso no cumprimento da legislação.

“A cobrança do pedágio prejudica o acesso dos moradores a serviços essenciais de saúde e educação porque precisam pagar pedágio de ida e volta para ter atendimento em hospitais, ir às escolas ou até mesmo pagar contas e resolver problemas bancários. A dupla cobrança onera demais as famílias, restringindo o direito de ir e vir”, afirma o deputado estadual Guilherme Delaroli.

O pedágio para automóveis, caminhonete ou furgão (1 eixo) custa R$ 8,20, e funciona nos dois sentidos da rodovia, que liga Itaboraí até o município de Itaperuna, no Noroeste Fluminense. Ele fica no km 1,9 sentido Nova Friburgo da RJ-116. O contrato de concessão é de 16 de março de 2001, com prazo total de 25 anos. Nelson Lemos diz estar cansado de tirar R$ 200 da sua aposentadoria, por mês, para ir à fisioterapia.

“Quando vou ao Rio ver meus familiares, pago diversos pedágios, sendo que o pedágio dentro do município de Itaboraí é o que mais uso. Sou aposentado, ganho pouco e deixo parte do meu dinheiro na rodovia. Isso não é justo!”, reclamou Nelson Lemos.

“Esse pedágio é um absurdo. A gente paga ida e volta. E a gente não tem o direito de estar transitando dentro do nosso município. Tem esse pedágio aí impedindo o nosso acesso”, disse Vanessa Oliveira, presidente da Associação de Moradores de Sambaetiba.

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